Ecos da Liberdade

A lama que matou a vila de Bento Rodrigues, MG.

“Sete minutos após o rompimento da barragem, desembarquei do ônibus ao retornar de Mariana, (há 35 km) e imediatamente vi a onda gigante da lama chegando aos estrondos, numa altura de 15 metros trazendo uma patrola, árvores, pessoas e entulhos”, afirmou Eliana, uma senhora de 27 anos de idade e mãe de dois filhos.

“A lama estava há 150 metros de minha casa. (num movimento vagaroso, por se tratar de densa lama de resíduos) Corri até minha casa tomei meu filho, minha irmã Renata tomou o seu e o meu outro filho e corremos para o lugar mais alto que alcançamos, mas deixamos para trás o avô com 82 anos de idade, que havia sofrido dois AVC, pois a lama vinha, e o idoso não conseguia caminhar. Se eu tivesse chegado um único minuto mais tarde, os nossos filhos estariam mortos”, afirmou.

“Meu esposo Cleiton, estava trabalhando sobre a barragem, quando ele viu o rompimento concluiu que eu e os dois filhos estivéssemos mortos, mas nos reencontramos no dia seguinte.” Concluiu.

Este relato a senhora Eliana, me concedeu como entrevista, num hotel em Mariana, onde ela estava alojada junto a muitas pessoas desabrigadas pela tragédia.

Após concluir as entrevistas encontrei um senhor idoso, sentado a porta do hotel. Foi difícil entender o que ele falava, pois seu corpo está parcialmente paralisado, mas tratava-se do idoso que as filhas tiveram que abandonar, ele foi resgatado misteriosamente por pessoas que o encontraram.

O rompimento da barragem de Fundão, danificou a barragem de Santarém, no dia 5 de novembro 2015; na unidade industrial de Germano, no município de Mariana.

O distrito mais atingido foi Bento Rodrigues, com 600 habitantes, e 200 imóveis em 2015, segundo Wikipédia.

Viajei mais de 50 km desde Mariana, via Santa Rita Duran, para chegar a Bento Rodrigues, que morreu pela lama tóxica.

Mário Hort