Ecos da Liberdade

(Artigo escrito para o Jornal O PRESENTE de M.C. Rondon, http://www.opresente.com.br/artigos.php?id=7)

Agradecemos aos leitores de O Presente, que nos acompanham nos relatos da entrevista exclusiva que nos concedeu o pastor Christian Führer, na Igreja de Leipzig, onde ocorreram os momentos de oração das segundas-feiras. O pastor convidou os desistentes para um culto com o tema: “Leben und Bleiben in der DDR! - “Viver e permanecer na Alemanha Comunista!”. O grupo concordou para a data de 19 de fevereiro de 1988. Mas, poucos dias após a divulgação da palestra, Führer foi convocado a comparecer na prefeitura. A ordem do superintende foi: “Desmarcar a reunião imediatamente!”.

Führer levou tudo na brincadeira e ironizou: “Os senhores não entenderam o tema. Não irei falar sobre ‘Como viver e sofrer na RDA’. Não posso entender vossa revolta contra um tema que diz: ‘Viver e permanecer...’”.

E continuou dizendo: “Caso essa gente não possa ser ouvida na igreja, peço que sejam recebidos pelo prefeito na prefeitura. Eles devem ter o direito de ser ouvidos”, concluiu e foi embora. 

Quando o pastor chegou à igreja, pouco depois das 15 horas, encontrou a parte de baixo do templo tomada com mais de 600 enviados pela polícia. Ele foi ao púlpito e disse: “Senhores a reunião começa às 17 horas, como o templo já está quase lotado na ala central, vou fechar as tribunas para que os meus 50 convidados também tenham um lugar à noite”.

Chegada a hora do culto de oração, o pastor Führer iniciou sua mensagem com a seguinte pergunta: “Vocês também querem ir embora?” (João 6: 67).

Todos ficaram atônitos! O pastor iria defender os desistentes? E continuou: “Pensem bem antes de abandonar o lugar onde vocês nasceram; foram à escola, possuem vossos pais e familiares; provavelmente nunca mais poderão ver vossa terra...”.

Houve um silêncio mortal. Mas, assim não seria possível terminar o culto de oração, então o pastor concluiu: “Tenho um texto da Bíblia Sagrada que diz: ‘Tu fazes exultar de júbilo as saídas da manhã e da tarde’ Sal. 658. A Bíblia traduzida por Martinho Lutero diz: ‘Tu fazes exultar de júbilo aos que vivem no Oriente e no Ocidente’”.

Alguém gritou dentre a multidão: “Isso foi o senhor que escreveu, não está na Bíblia”. Gentilmente o pastor respondeu: “Não, essa palavra se encontra escrita na Bíblia há três mil anos”.

Com essa colocação surgiram risos, discussões e comentários entre os policiais e os presentes, de forma que todos saíram sorridentes e desarmados. “Foi difícil de pronunciar a bênção final”, recordava o pastor Führer. E disse: “O humor é um irmão importante da fé!”.

 

A construção do Muro de Berlin

Depois de 1949 os dois Estados alemães e a dividida cidade de Berlim desenvolveram-se através das zonas da ocupação dos aliados. A Alemanha Ocidental era formada pelas zonas estado-unidense, britânica e francesa e a Alemanha Oriental era formada pela zona soviética. Da noite do dia 12 para o dia 13 de agosto de 1961, o muro foi fechado com arame farpado e concreto. A fronteira separou a parte oriental e ocidental de Berlim e por toda a Alemanha passava a “Cortina de Ferro”. Uma divisão que cortou o mundo em duas partes.

A iniciativa visava coibir as fugas em massa de alemães orientais para o Ocidente, uma vez que o grande índice de refugiados era de jovens até 25 anos. 

O Muro de Berlim foi o símbolo por excelência da Guerra Fria. 

Após a ocupação soviética da Europa Oriental no final da Segunda Guerra Mundial, a maioria das pessoas que viviam do Bloco Oriental aspiravam a independência e queriam que os soviéticos saíssem. O número de cidadãos da Alemanha comunista (RDA) que se deslocaram para a Alemanha Ocidental totalizou 197 mil em 1950, 165 mil em 1951, 182 mil em 1952 e 331 mil em 1953.

Uma das razões para o aumento acentuado em 1953 foi o medo de sovietização mais intensa, com as ações cada vez mais paranóicas de Joseph Stalin em 1952 e no início de 1953, 226 mil pessoas fugiram apenas nos primeiros seis meses de 1953. Assista a mensagem completa em nosso site. “A oração evitou um confronto de guerra e tombou o Muro de Berlim”.